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#06 – STEMBRO 2024

EDITORIAL

Rômulo Ferreira da Silva (AME da EBP/AMP)
Coordenador Geral do XXV EBCF

Caros leitores,

Chegamos ao sexto número do CODA, boletim do XXV Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, penúltimo dessa série.

Como já circulou em nossas redes sociais, nosso Encontro se aproxima com as vagas esgotadas a apenas dois meses da data do evento. Da mesma maneira, a Festa EVOÉ, que ocorrerá no Cineclub Cortina, chegou à lotação máxima.

Dia 15 de setembro foi a data limite para o envio dos trabalhos e não houve prorrogação, já que tivemos um número satisfatório de envios. Um enorme trabalho para a Comissão Científica fazer a seleção dos trabalhos que irão compor as Jornadas Clínicas que ocorrerão no dia 8 de novembro.

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Adriana Varejão.
"Ruína de Charque". Porto, 2001.
Adriana Varejão. "Ruína de Charque". Porto, 2001.

NOTAS E TONS

A cicatriz da evaporação do pai e a segregação

Elisa Alvarenga (AME da EBP/AMP)

A “Nota sobre o pai” de Jacques Lacan foi um comentário realizado por Lacan sobre a apresentação de Michel de Certeau – jesuíta, filósofo e historiador das religiões que participou da criação da Escola Freudiana de Paris – sobre “O que Freud fez da história”, comentando o texto de Freud sobre “Uma neurose demoníaca no século XVII”.
Freud estuda o caso do pintor Christoph Haizmann, que tinha dificuldades de sustentar-se e que afirmava ter vendido a alma ao demônio em troca de dinheiro. O pai havia adoecido e morrido. O sujeito aproxima-se de uma comunidade de padres, pelos quais é exorcizado. Ele lhes apresenta um documento que seria o pacto assinado com o diabo, conseguindo guarida junto a essa comunidade religiosa. O ódio reprimido ao pai se traduz na depreciação do pai…

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Adriana Varejão.
"Pele tatuada à moda de azulejaria", 1995.
Adriana Varejão. "Pele tatuada à moda de azulejaria", 1995.

A segregação enraizada na fraternidade do corpo

Jésus Santiago (AME da EBP/AMP)

A religião define-se, em Freud, como uma experiência que tem como condição a renúncia pulsional (Triebversizicht), que se constitui como o terreno sob o qual floresce o que é essencial na subjetividade do religioso, ou seja, a dimensão da crença. A crença (Glauben) aparece problematizada a partir do que se conceitua como ilusão (Illusion), visto que, nesta, a realização de desejo passa para o primeiro plano e, assim fazendo-se, o religioso desiste de sua relação com a realidade e mesmo da comprovação de sua veracidade. A delimitação do elemento subjetivo da “ilusão” exige o pressuposto do diagnóstico nada otimista do mal-estar na cultura, do qual se deduzem impasses e fracassos para estabelecer o laço social civilizado. Isso se explica pelos encontros sucessivos do “trabalho da cultura” (Kulturarbeit) com a Anankê (necessidade)…

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Adriana Varejão.
"Mapa de lopo homem II", 1992-2004.
Adriana Varejão. "Mapa de lopo homem II", 1992-2004.

O deserto é pior

Rodrigo Lyra Carvalho (EBP/AMP)

Os modos prevalentes de identificação na cultura são um tema primordial para a psicanálise. Seja em função dos desafios inerentes às suas manifestações na clínica, seja pelo que revelam sobre os laços sociais, as tendências da constituição das subjetividades convocam nossa reflexão. Nesse sentido, os movimentos emancipatórios que se apoiam em traços de identidade têm sido, cada vez mais, objeto de nosso debate.

Fui instigado a avançar nessa conversa pelo texto “A marca do analista”, de Sérgio Laia, difundido no Boletim Coda 04, onde ele propõe uma articulação entre os alertas de Lacan a respeito da escalada do racismo e a atuação dos movimentos identitários contemporâneos. Ao destacar que Lacan notava a “surpreendente intensificação do racismo já no início da década de 1970” e ao reconhecer…

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Adriana Varejão.
"Panorama da Guanabara", 2012.
Adriana Varejão. "Panorama da Guanabara", 2012.

…DIZERES E SUAS REVERBERAÇÕES

O que não se compartilha

Silvia Sato (EBP/AMP)

A tentativa de dizer algo sobre a confrontação dos corpos na cena analítica me levou à experiência no teatro enquanto expectadora. Seja o teatro dos grandes cenários e figurinos, que montam a personagem para a representação da cena, onde os atores frente a frente ou corpo a corpo dão voz aos personagens, seja o teatro onde a atriz se aproxima do público e contracena com ele. Foi assim em “Eu de você”, peça interpretada por Denise Fraga onde em determinado momento o corpo a corpo é feito num improviso calculado com alguém da plateia.

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Adriana Varejão.
"Língua com Padrão Sinuoso", 1998.
Adriana Varejão. "Língua com Padrão Sinuoso", 1998.

Somos filhos do discurso

Nancy Greca Carneiro (EBP/AMP)

No penúltimo capítulo do Seminário “O Avesso da Psicanálise”, Lacan se refere ao discurso analítico lançando a questão que lemos na citação acima. E responde a sua questão com a pergunta: “Será que acentuo o bastante a relevância da impossibilidade de sua posição, na medida em que o analista se coloca em posição de representar, de ser o agente, a causa de desejo?”

Neste Seminário, apresenta-se o gozo em sua forma discursiva, como o que não é nomeável; e é na sua interdição que se fundam estas estruturas.

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ARTE E CULTURA

Isabel do Rêgo Barros Duarte (EBP/AMP)
Coordenadora da Comissão de Arte e Cultura

Quando, nas reuniões de nossa comissão de Arte e Cultura, citamos o nome de Adriana Varejão como uma artista que aportaria uma boa discussão para o XXV Encontro Brasileiro, lembrei imediatamente do trabalho que fizemos sobre a obra dela nas XXIV Jornadas da EBP-RJ e do ICP-RJ em 2015. Por sua vez, Cristiana Pittella se lembrou do trabalho feito também com essa artista para as XXV Jornadas da EBP-MG em 2021.
Fomos atrás desse material e nos deparamos com uma produção interessante e atual, que mostra como o trabalho de nossa comunidade de orientação lacaniana deixa rastros de transmissão dos quais nos servimos permanentemente em nossa formação. Nos deparamos com esses restos de eventos anteriores que, retomados e rearrumados em um novo discurso, se transformam em uma nova montagem, como um movimento de caleidoscópio.

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Adriana Varejão.
"Parede com Incisões a la Fontana 3", 2002,
Adriana Varejão. "Parede com Incisões a la Fontana 3", 2002,

INSCRIÇÕES

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REFERÊNCIAS

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PODCAST

Diretoria do Encontro: Patricia Badari (Presidente) | Niraldo de Oliveira Santos (Diretor) | Alessandra Pecego e Rômulo Ferreira da Silva (Coordenadores Gerais)

Comissão do Boletim: Coord:
 Gustavo Menezes (SP) e Renata Gomes Martinez (RJ) | Adriana Rodrigues (SUL) | Cleyton Andrade (NE) | Daniela Nunes Araújo (BA) | Fabrício Donizetti (SP) | Olívia Viana (MG) | Thereza de Felice (RJ)

Designer: Bruno Senna

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