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EDITORIAL CODA #03

Arthur Bispo do Rosário
Título atribuído: “Manto da apresentação”
Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea
Adriana Rodrigues (EBP/AMP)
Thereza De Felice
Comissão de Boletim

O Boletim Coda#3 segue trazendo em suas páginas reflexões-convite, rumo ao XXV Encontro Brasileiro do Campo Freudiano.

Neste número do Boletim, ilustrado pelas obras de Arthur Bispo do Rosário, mestre em fabricar seu corpo com mantos e palavras, o leitor poderá conferir na íntegra os textos referentes aos eixos 1 e 2, apresentados por Luiz Fernando Carrijo e Marcelo Veras, na ocasião da primeira preparatória para o Encontro, no último dia 18 de maio. O eixo 1 – capturas imaginárias e o real do corpo – é um convite a pensar os efeitos e as invenções do corpo como suporte ao discurso. De um modo mais preciso, Carrijo destaca que, nas tentativas, via imagem, de se arranjar com o corpo que se tem, há sempre um ponto que fracassa. Ao comentar o eixo 2 – incidências do discurso da ciência sobre os corpos –, Veras destaca a afirmação de Lacan de que a ciência “reduz o real ao mutismo”, operação que fomenta um regime de gozo solitário e narcísico, em uma época de um chronos acelerado que curto-circuita o tempo de compreender. O autor nos pergunta como nossa prática clínica pode acompanhar essa época de “vacuidade do Outro” e “contração temporal”.

Na busca pelo diálogo entre os dois textos, Rômulo Ferreira participou da preparatória, trazendo uma leitura sobre o que parece apresentar-se como “pressa” em articular algo diante do que escapa do gozo no/do corpo pela captura de um S2 aleatório para fazer par com um S1 à deriva. E pergunta: “Seria uma nuance que se apresenta e que vai de uma petrificação de S1 colado à imagem à proliferação de S2 sem ordenação?”.

Não nascemos com um corpo, mas com um organismo. O corpo, feito de palavras, o habitamos…ou não”. É o que afirma Oscar Reymundo em seu texto “Mulheres obedeçam!”, onde traz a experiência de um trabalho realizado com mulheres vítimas de violência e a incidência dos discursos sobre seus corpos. Texto que compõe juntamente com Tecidos e Palavras, de Aléssia Fontenelle, a rubrica Notas e Tons. Aléssia busca na obra e na escrita de Frida Kahlo um diálogo sobre como fazer suportável o corpo próprio.

Na rubrica …dizeres e suas reverberações, Louise Lhullier e Cleyton Andrade contribuem com algumas elaborações importantes a partir do impacto da destruição catastrófica que vem assolando o estado do Rio Grande do Sul. Louise apresenta tanto aquilo que não causa surpresa, visto que a enchente em si já era prevista e anunciada, mas também fala daquilo que, na catástrofe, invade desde o registro que chamamos de real. Cleyton localiza a função civilizatória do Discurso do Mestre, por um lado, mas também aponta à sua desestabilização, conforme avança o capitalismo. Ambos propõem, assim, algumas referências a partir das quais se possa trabalhar a pergunta sobre como a psicanálise pode dizer algo aí.

Por fim, ainda neste número de Coda, convidamos à prazerosa leitura do texto de Guilherme Gontijo Flores – poeta, tradutor e professor da UFPR –, provocado por uma interlocução com a Comissão de Arte e Cultura do Encontro. Seu escrito nos conduz pelos restos da língua, a voz, o corpo – o que se entranha na carne e aquilo que se solta pelas frestas.

Instigados pelas contribuições que compõem este terceiro número do Boletim Coda, seguimos no ritmo do trabalho coletivo de preparação para o Encontro. Desejamos a todos uma boa leitura!

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