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#04 – JULHO 2024

EDITORIAL

Cleyton Andrade (EBP/AMP)
Fabrício Donizete da Costa
Comissão de Boletim do XXV EBCF

Em sua quarta edição, o Boletim Coda chega colorido e repleto de contribuições. Em Notas e tons, com o texto “A marca do analista”, Sergio Laia nos oferece um importante aporte para uma discussão crítica acerca do racismo, a partir de uma sutil e crucial afirmação de Lacan. Cirurgicamente, extrai da última frase do Seminário …ou pior, uma espécie de advertência de que “o pior ainda está por vir”. Nos indica como a discussão sobre o racismo deve vir despida de um certo efeito de fascinação, para dar lugar ao dizer “não há relação sexual” como ponto de partida e direção norteadora. Se o racismo coloca em cena o problema em torno dos rebotalhos, o analista, apesar desse ponto de convergência, não constitui uma irmandade de segregados. O texto traz um recorte fino ao apontar que o rebotalho em jogo no racismo foi pego à revelia pelo discurso do mestre, enquanto, por outro lado, o analista sabe ser esse rebotalho numa aposta situada pela inexistência da relação sexual. Isso nos dá uma boa referência para debatermos o quanto tal discernimento é essencial, na mesma medida em que não precisa nos attraper em reconhecer um em detrimento do outro.

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NOTAS E TONS

A marca do analista

Sérgio Laia (AME da EBP/AMP)

A frase com que Lacan conclui a última lição do Seminário …ou pior parece-me reiterar o que esse título apresenta de inquietante. Referindo-se de forma surpreendente à intensificação do racismo já no início da década de 1970, ou seja, em uma época culturalmente notabilizada pela difusão de vários movimentos culturais libertários e por uma grande reviravolta no âmbito dos chamados “costumes”, Lacan nos deixa o seguinte alerta: “Vocês ainda não ouviram a última palavra a respeito dele”. Em francês, inclusive por se tratar da última fala de Lacan naquela circunstância, o tom me parece ainda mais sombrio: “Vous n’avez pas fini d’en entendre parler”, e eu o traduziria assim: “Vocês mal acabaram de ouvir falar disso”. Em outros termos, e já conjugando com o título do Seminário: o pior ainda está por vir.

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Na atualidade o que dizer sobre o Imaginário?

Renata Lucindo Ferreira Mendonça (EBP/AMP)

A partir do que escutamos em nossa clínica na atualidade, gostaria de fazer uma pequena provocação, uma convocação ao trabalho em um ponto que nos concerne e vem nos instigando: a segregação a partir do racismo. Esse tema já está presente em nossos trabalhos, tem um caminho longo a ser percorrido e questões a serem investigadas. Em um texto de Jésus Santiago, ele afirma:

“Enfrentar a questão do racismo constitui um dos maiores desafios para a consolidação dos impasses atuais da democracia, concebida sob a égide do princípio republicano das liberdades públicas e da tolerância ao Outro. Dentre esses impasses devo destacar que as democracias atuais lutam contra suas duas doenças internas: a tirania da maioria e a tirania das várias minorias.”

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…DIZERES E SUAS REVERBERAÇÕES

O Novo Imaginário e o enodamento possível

Marcelo Magnelli (EBP/AMP)

Lacan, no início de seu ensino, reduz o Imaginário a i(a). Com a topologia do nó borromeano, Real, Simbólico e Imaginário ganham independência e perdem hierarquia entre si. Jésus Santiago parte destes pontos para chegar à citação destacada. É a partir da perspectiva de que o objeto a curto-circuita a relação imaginária que Lacan “esburaca” o imaginário, chegando à noção de que o corpo que interessa à psicanálise não é o correlato à imagem narcísica, esférica e imaculada. Também não é um corpo “corpsificado” (cadaverizado) pela ação simbólica. Seu caminho vai, então, da esfera ao toro, chegando ao nó borromeano. O corpo do falasser é vivo porque dele transborda gozo e sempre escapa à imagem especular.

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Perda de rumo e foraclusão das coisas do amor

Elizabete Siqueira (EBP/AMP)

A passagem destacada de Maurício Tarrab me fez pensar, acompanhando suas proposições, que o corpo tem ocupado um lugar central ao longo dos tempos e é um dos temas prediletos no discurso contemporâneo das sociedades ocidentais. Essa paixão irrefreável pelo corpo é uma das consequências da estruturação individualista de nossa sociedade, a ponto de Éric Laurent afirmar, sem meias palavras: “O corpo humano é um Deus… Ele é suposto ser o fundamento de uma ciência da felicidade”

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ARTE E CULTURA

O Brasil e seus corpos falantes

Valéria Beatriz Araújo
Comissão de arte e cultura XXV EBCF

Caetano Galindo, escritor, tradutor, professor de história da língua portuguesa na UFPR e “palpiteiro e provedor de serviços textuais aleatórios”, como ele próprio diz, é o convidado para o espaço de intercâmbio desta edição do boletim Coda. Autor de Latim em pó: um passeio pela formação do nosso português, uma das referências propostas pela comissão de arte e cultura, é também citado por Niraldo de Oliveira Santos em seu texto de apresentação do XXV EBCF, de onde extraímos a questão a respeito do que poderíamos chamar um tipo particular de bilinguismo em relação à língua portuguesa falada no Brasil.

Youtube-MockUp_galindo
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INSCRIÇÕES

REFERÊNCIAS

PODCAST

Diretoria do Encontro: Patricia Badari (Presidente) | Niraldo de Oliveira Santos (Diretor) | Alessandra Pecego e Rômulo Ferreira da Silva (Coordenadores Gerais)

Comissão do Boletim: Coord:
 Gustavo Menezes (SP) e Renata Gomes Martinez (RJ) | Adriana Rodrigues (SUL) | Cleyton Andrade (NE) | Daniela Nunes Araújo (BA) | Fabrício Donizetti (SP) | Olívia Viana (MG) | Thereza de Felice (RJ)

Designer: Bruno Senna

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